ARTE: Miles Johnston
Preciso que me pacifique.
Porque as ondas que me tomam são calmas
apenas na superfície.
Perco-me na frequência da quebra recorrente.
Tento corrigir a mente que a moldou à situação primeira,
mas a prótese antiga o novo rejeita.
Preciso que me certifique.
Da existência do ar.
Da persistência da cura.
Da inocência do afeto.
Da reverência da fé.
Na inferência de tudo.
Preciso que me comunique.
Que apesar de tudo, há encanto.
E de que não vou morrer na mesmice dos dias
que teimam em engolir poucas horas de paz
que não se repetem…
Não quero doer mais.